The face behind the brand
Storie by Paulo Antunes .
O gosto pelas áreas criativas já vem de pequeno, mas é na sua formação em Arquitetura, que se dá a aprendizagem das regras da proporção, do belo, e como comunicar através de objetos, à grande e pequena escala. em 1986 abre a sua primeira loja, hoje a Paulo Antunes emprega 40 pessoas.
O gosto pelas artes criativas vem de pequeno, mas é na sua formação de Arquitectura que aprende as regras da proporção e do belo. A entrada no mundo do mobiliário deu-se em 1986 em Amares numa altura em que não tinha a concorrência de hoje. Confeccionava cortinas para além da venda de artigo e chegou ao contacto da Yves Rocher.
Hoje emprega cerca de 40 pessoas mas queremos saber e dar a conhecer como a Paulo Antunes Furniture começou. Qual a sua formação base e como foi que entrou no mundo do móvel e do estofo?
O gosto pelas áreas criativas já vem de pequeno, mas é na minha formação de Arquitetura, que se dá a aprendizagem das regras da proporção, do belo, e como comunicar através de objetos, à grande e pequena escala.
Já a entrada no mundo do mobiliário deu-se timidamente em 1986 quando abri em Amares uma loja de decoração. Apesar de hoje em dia a localização geográfica não fazer muito sentido, naquela altura todo o turismo nacional do Gerês passava obrigatoriamente pela nacional que atravessa aqui e a oferta deste tipo de lojas não tinha a concorrência destes tempos. Aí juntei a minha veia artística à empreendedora e comecei a lutar pelo meu projeto.
Para além da venda de artigo também fazíamos cortinas para clientes, e uns necessaires que tinham bastante saída em revenda especialmente para lojas no Norte de Portugal e Galiza. Esse trabalho levou a Yves Rocher a contactar-me para fazer uma grande encomenda de embalagens em tecido para vários artigos que estavam a lançar em 1990. Nesta altura o merchandising e artigos deste género ainda não eram feitos na China, e uma encomenda deste tamanho tinha grande impacto numa empresa do tamanho que a minha tinha, mas também trazia agregado grandes responsabilidades, que me obrigaram a alugar um armazém só para dar resposta atempada a este projeto.
Num dia de embalamento para o envio, a remessa era tão grande que tivemos que estar a embalar estes artigos fora do armazém, a dada altura passou um casal alemão numa caravana, que acabaram por encostar e questionar o que fazíamos e se estaríamos abertos a fazer individuais e poufs para a loja deles. Eram dos maiores importadores de flores vindas da China e tinham uma empresa de revenda com grande impacto na Alemanha. Isto acabou por acontecer e tornar-se numa relação muito proveitosa para ambas as partes e que ainda se mantém hoje através da filha deles num modelo de negócio que segue o ADN dos pais.
A partir do momento que já “recheava” casas com individuais e poufs, criar cadeiras foi apenas o passo óbvio, e depois sofás, cadeirões, mobiliário… e por aí em diante. Quando dei por ela estava a fazer exposições em Hotéis como o Ritz e em 2000 a expor na Exponor com marca e produtos de catálogo. Já o primeiro passo internacional deu-se em 2007 em Paris na Maison et Objet. Foram 21 anos que me levaram de uma modesta loja em Amares para os maiores palcos das feiras internacionais de design, e apesar de não ter sido aquilo que planeava na altura, a atenção aos pormenores, a vontade de crescer e a boa relação com os clientes acabaram por me guiar para o caminho que trilho hoje.
Foi em 2000 que criou a sua própria marca. Por onde andou, com quem colaborou até este ano?
Penso que a resposta anterior acaba por responder um pouco a esta questão, mas desde esse primeiro passo internacional que os produtos made in Amares correm vários países internacionais e inúmeros projetos consagrados e grandes linhas de hotéis com maior força na Europa, mas com bastante presença na Ásia e América, apesar de estarmos presentes em todos os continentes.
Enumere 3 aspectos que são absolutamente essenciais na Paulo Antunes.
1 - Rigor 2 - Rigor 3 - Rigor!
Acredito no “rigor” como um alicerce do ADN que faz a marca Paulo Antunes. Não de um ponto de vista inflexível, mas de exatidão, em que aquilo que nós oferecemos são garantias, quer seja na qualidade do produto quer seja na experiência que o cliente vai ter a partir do momento que entra numa relação profissional connosco. Relação esta que prezamos e queremos que seja duradoura.
Temos a certeza que deu muitas voltas e já errou muitas vezes, pois só assim se consegue construir algo de valor. Tem algum episódio que o tenha marcado pelo ter sido mau e o tenha conseguido transformar em bom pela aprendizagem que ele lhe trouxe?
Ao longo dos tempos foram várias as peripécias com que aprendi e cresci, mas lembro-me de uma das mais marcantes, e que ainda hoje tem impacto, ter acontecido com um cliente de Moscovo.
Um arquiteto encomendou-nos uns roupeiros em carvalho maciço que seriam embutidos na mansarda de uma vivenda que estava a desenhar para um cliente. Foi tudo enviado em Janeiro e entregue em Fevereiro. O envio durante o Inverno não deve ter ajudado ao que lhe vou contar a seguir…. Ao instalarem os roupeiros, com o calor das casas de Moscovo (atenção a este aspecto, pois, as casas em Moscovo são aquecidas de tal forma que parece Verão cá em Portugal) aliado ao ar seco da região resultou com que a madeira estalasse em vários sítios deixando as juntas abertas. Em finais de Julho o cliente reclamou. Em outubro, eu um polidor e um carpinteiro estávamos na vivenda a corrigir tudo no local.
O cliente ficou admirado e fez questão que fossemos nós a fazer tudo o que faltava do projeto, e o arquiteto ficou igualmente agradado de tal forma que se tornou num “advogado” da nossa marca. Além de fidelizar e recorrer sempre a nós, recomenda-nos sempre que pode, e isto é algo essencial num mercado que exige confiança como o Russo. Estarem a pagar uma encomenda antes dela sair a um país do outro lado da Europa requer que já tenhas alguma presença ou dês algum tipo de garantia, e este passa-palavra positivo vindo de alguém credível foi essencial para o abrir do mercado Russo.
A partir desse episódio deu-se um clique e é neste momento um dos nossos mercados principais. Um aparte interessante é que não tivemos que andar a procura de uma agente local, ela após ouvir esta história por parte do arquiteto fez questão de trabalhar com as nossas marcas e a cada ano que passa é um mercado que tem crescido.
O que aprendi foi em evitar ao máximo madeiras maciças quando se trata de projetos na Rússia, especialmente o carvalho. E também que todos os serviços são importantes, o que hoje é um pequeno projeto privado de um particular amanhã pode tornar-se em algo muito maior.
5 . O que é essencial para se criar, montar e manter uma marca que se preocupa por atingir o melhor?
Quando o bem estar da empresa já não depende só de uma pessoa, o essencial é objetivos claros. Um projeto quando é nosso é complicado confiar, passar pastas e fazê-lo “parte de todos”. Toda a gente que criou ou tem uma empresa sabe que é tal como um filho, (as vezes exige ainda mais atenção) e não podemos, nem o devemos confiar a toda a gente. Mas chega uma altura que para crescer deixa de ser um projeto só nosso e passa a ser do coletivo, deixamos de ter 100% controlo de todos os pequenos aspetos, mas contamos com pessoas que lutam pelo bem-estar desta.
De modo a estar todo o “barco” em sintonia deve-se criar e nutrir a cultura desta e comunicá-la de forma sucinta e clara. Tal como um maestro não tenho que tocar todos os instrumentos, mas sim seguir a pauta e manter o compasso assegurando que todos fazem o seu trabalho. Não acredito que seja algo que se faça de um dia para o outro e é um percurso que deve levar o seu tempo, tal como não plantamos hoje uma semente e ficamos à espera de ter maçãs no dia seguinte.
A equipa tem que crescer com a empresa e vice versa, de forma sustentável tornando cada colaborador num representante da marca dentro e fora do horário de trabalho. E digo o mesmo quanto à relação com os clientes e à presença no mercado, essa relação deve ser sustentada de uma comunicação clara assente naquilo que são os alicerces da marca. Todas as marcas com presença internacional que perduram no tempo, apenas o conseguem, graças a uma cultura bem enraizada daquilo que os valores da mesma representam. Deste modo todos os envolvidos com a marca estão em sintonia, desde o pequeno fornecedor, ao criativo, até o cliente final.
6 . Gostaríamos muito de saber qual a venda que lhe deu mais orgulho realizar?
Todas as vendas que são destinadas a Itália dão-me imenso gozo. Uma vez que eles são vistos como a nação do “Design” sinto-me como um vendedor de gelo no Ártico, a fechar vendas aos esquimós. Mas um exemplo em concreto será os mais recentes trabalhos feitos para a Louis Vuitton como produtor de vários componentes da coleção Nomades, e que apesar de não ser produto nosso, é uma colaboração que nos tem feito crescer e aprender imenso devido ao grau de exigência que uma marca destas requer.
E de conhecer a história da peça que lhe deu mais gozo arquitectar e construir?
Bem, para esta resposta não consigo mencionar só uma peça, pois tenho três grandes amores que fazem parte da história da marca Paulo Antunes. Estes são os cadeirões Fado, Alma e Alfama. Todas elas exigiram muito, tanto da parte criativa como especialmente da parte técnica pois obrigaram-me a pensar o estofo de uma forma pioneira. A verdade é que na altura não tinha nem bons nem maus exemplos de como fazer aquilo que pretendia para me guiar. É sempre um risco quando entramos num projeto desta natureza pois corremos o risco de chegar ao fim e não termos o resultado pretendido, mas é especialmente gratificante quando chegamos à “meta final” dentro dos parâmetros que tínhamos conceptualizado para este. Todas elas à sua maneira marcaram a marca, mas especialmente a mim como criativo e produtor/solucionador.
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